terça-feira, maio 24, 2011

Bilhete Premiado



Era uma mistura de alegria e tristeza. Ter acertado a quina no último sorteio da mega-sena e ganhado 200 mil reais seria a salvação para a vida de Agnaldo. Mas ter faltado somente um número para se tornar milionário era de certa forma frustrante. Mas esta era sua sorte. Devia agradecer a Deus pelo prêmio ganho.

Cansado do trabalho como carteiro, ele não conseguiu pregar os olhos à noite. Deitou com o bilhete premiado na mão. Era noite de sábado e ter que esperar até segunda-feira para ir buscar o dinheiro parecia um tempo longo demais para ele.

Não contou nada à Jussara, sua esposa. Naquela noite ela estava no trabalho. Faxineira de um call center da cidade. Acompanhou o sorteio sozinho. Iria aguardar até segunda-feira para fazer uma surpresa.

No domingo cedo, continuava fazendo os planos. Geladeira nova, televisão nova, fogão novo, sofá novo, máquina de lavar.... ahhh... enfim uma máquina de lavar. Reforma na casa. O telhado principalmente. Não suportava mais as goteiras quando chovia.

O dia estava frio e Agnaldo foi para a porta de casa. Sentou-se no meio fio e apoiou as costas no poste. Deixou o sol bater na sua cara. Tinha um sorriso fácil. Fechou os olhos e respirou profundamente. Não parava de fazer contas. O bilhete, enrolado na mão direita.

Um som de derrapada. Agnaldo abriu os olhos. Um estrondo em seguida. Uma kombi em alta velocidade perdeu o controle ao virar a esquina. O corpo de Agnaldo era só uma massa disforme entre a kombi e o poste.

Jussara continuou lavando as roupas no tanque.