domingo, julho 08, 2007

2:48h

Muito mudou desde que costumava vir aqui com frequência. Muito passou e muito ainda passa. Até as roupas passadas no guarda-roupa mudaram. Mas nem todas.

O tempo, amigo sempre presente, passou. E passará. O trabalho acumulou e lhe tirou as ideias da mente. A mente, vazia, tentou realizar o trabalho. Ainda tenta.

As músicas ouvidas ainda eram as mesmas. Os acordes podiam mudar alguma coisa, mas basicamente era tudo o mesmo. Alegres, animadoras e desafiantes. Mas ele sempre preferia as tristes e depressivas.

Seus personagens morreram ou se foram. Não deixaram lembranças. Nem boas nem ruins. Você nunca ouvia suas vozes. Você nunca via seus rostos.

O papel ficou vazio, com aquele branco encardido pelo tempo. Nenhuma letra, nenhuma marca de uso. Ali, apenas o suor dos cotovelos apoiados sobre a mesa. A tinta secou.

E neste cenário ele ficou. O olhar fixo no relógio da parede e as vezes nos peixes que nadavam no aquário. 2:48h. Precisava trocar as pilhas e alimentar os peixes. Não fez nenhum dos dois. Nunca mais.

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