quarta-feira, junho 28, 2006

O ULTIMO TOQUE DO SINEIRO



Emilio era um jovem celibatário. Amava a Deus sobre todas as coisas. Tinha 17 anos. Puro. Morava numa pequena vila provinciana em uma época em que a energia elétrica não existia e os reis comandavam as cidades.

Tinha sonho de ser um grande padre ou um sacerdote da casa do rei. Por enquanto, só conseguiu um emprego de tocador de sino na igreja local. Ele se sentia orgulhoso de ser o sineiro da vila. Era ele quem convocava os moradores para a missa. Ele se sentia o todo poderoso. Sentia-se com poderes divinos. Achava que era Deus.

O tempo passou e sua megalomania aumentou ainda mais. A cada dia tocava o sino com mais entusiasmo e força. Murmurava palavras de ordem em sua cabeça para os moradores enquanto tocava.

_"Venham meus escravos! Venham prestar reverência à mim" - murmurava Emilio em meio às batidas do sino.

Lá de cima da torre da capela observava com um sorriso sarcástico no rosto, os fiéis em direção à missa. A cada dia sentia-se mais poderoso. A cada badalada do sino, seu poder interno aumentava.

Era um domingo chuvoso. Emilio mais uma vez tocou o sino. Sabia que estava com o máximo dos poderes. Sabia que estava acima daquele que os fiés reverenciavam. Gritava palavras de ordem de cima da torre da capela para os fiés que chegavam. Erguia os braços e gargalhava enclinando a cabeça para trás a cada toque do sino. Foi até o parapeito da torre. Entorpecido pela idéia de seus poderes divinos, esqueceu-se que o sino voltava. Foi atingido com violência pelas costas. O corpo sem vida ainda ficou muito tempo jogado lá embaixo, na terra molhada. O sino não convocou os fiéis para o enterro.

4 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom, Carná! Gostei muito do texto, a estrutura e o humor bem gotejado. Legal o texto, espero mais, porque vou passar por aqui sempre.

Anônimo disse...

o carná está de blog novo! VOu contar pra todo mundo!o carná está de blog novo! VOu contar pra todo mundo!o carná está de blog novo! VOu contar pra todo mundo!

Anônimo disse...

Que derrota desses seus personagens.
Também gostei muito do texto. Novidade nenhuma!
Beijos Renato C de SP
Anônimo

Anônimo disse...

Matou o sacripanta com toda a cRasse, hein? muito bom!