quarta-feira, dezembro 06, 2006

3:00h AM



Estava parado ali faziam alguns incontáveis minutos. Incontáveis pelo tempo e também pelo relógio sem pilha que teimava em ficar sempre parado nas 03:00h. Observou o fluir do mundo com uma cisudez no rosto que não lhe era peculiar. De sua amarga ignorância, gostava principalmente de seus momentos de incompreenssão.

Não compreendia sua ilusória felicidade e muito menos os valores cobrados nas contas de energia. Não sabia como controlar seus sentimentos que da mesma rapidez que lhe davam os céus, lhe jogavam de cabeça ao solo. Queria chorar, mas tinha vergonha de seu reflexo disforme na porta do carro. Um opala branco.

Lembrou-se dos momentos que passaram juntos. Somando-se tudo, talvez conseguisse colocar as horas nos dedos das mãos. Só nas dele. Remexeu a terra do jardim com os calcanhares. Tocos de cigarros e um canudinho de plástico amarelo surgiram como se estivessem sufocados e desesperados para buscar um pouco de ar na superfície.

O sol se pôs e a luz do poste não se acendeu. A porta da frente continuou aberta. Os monstros noturnos voadores invadiram todos os cômodos. Alguns continuaram em sua cabeça. Dentro dela.

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