Era a primeira vez que iria votar. Estava ancioso por aquele momento. Tinha 18 e da última vez preferiu não votar pois achava que não estava preparado. Desta vez estava...e muito. Rolou na cama de um lado para outro a noite toda. Pouco antes do amanhacer, seu corpo cansado adormeceu e Rômulo não acordou na hora desejada. O sol já estava alto e quente quando ele finalmente saiu de casa. Título de eleitor apertado entre os dedos e um sorriso nos lábios.
Andou por 15 minutos até chegar na sua escola, onde iria exercer seu direito de cidadão pela primeira vez. Os papéis com rostos e números faziam aquela paisagem cotidiana se desfigurar em desordem. O chão estava quase totalmente tomado.
A multidão se aglomerava pelos corredores e logo Rômulo encontrou sua sala e foi para o fim da fila. A cada passo dado, o sorriso em seu rosto aumentava e seu coração disparava.
"-Próximo!!"
Era a vez de Rômulo. Calmamente entrou na sala e entregou seu título ao mesário. Dirigiu-se para a urna e se sentou. Frente a frente com a tão sonhada urna eletrônica, Rômulo voltou a sorrir enquanto estalava os dedos. Apenas Dona Rosa que era a próxima a votar e que estava parada na porta, percebeu a leve mudança no rosto de Rômulo.
Com as duas mãos, Rômulo agarra a urna e com toda sua força, arremesse aquela pequena caixa contra a parede da sala. Seu sorriso agora é um sorriso sarcástico e enquanto os pedaços da urna caem por todos os lados da sala, Rômulo, suado e feliz é arrastado para dentro de um camburão.
Não votou em ninguém, mas pela primeira vez, exerceu seu direito de cidadão.
2 comentários:
Nú, que inveja do Rômulo! Não me dê idéia não Namorado.
Hehehe... também já tive muito essa vontade!
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