segunda-feira, setembro 18, 2006

SOB O SOL DAS 12:00H



Jennifer sentou-se na beirada do precipicio. Era 12:00h e o sol estava forte. O suor descia por sua testa indo morrer na faixa que lhe cobria os fartos seios. Nas costas quase nuas, a tatuagem de uma guerreira medieval transpirava como se tivesse vida. A calça jeans suja de terra cobria parte da bota de couro bege que lhe esquentava os dedos. Estava exausta.

Olhou para cima e seus olhos se fecharam com a força do sol. Não havia sequer uma nuvem para criar alguma sombra distante. As mãos calejadas e sujas de terra foram de encontro ao rosto abatido pelo esforço. Os cabelos longos e sujos grudavam em sua bochecha. Até onde sua visão alcançava, ela só via terra e chão, sol e calor. Nada que lhe animasse.

Até mesmos os lagartos se escondiam debaixo de pequenas rochas. Sua boca estava seca e seu cantil, vazio fazia quilômetros. Os pássaros desapareceram e apenas um urubu era visto muito alto, circulando em uma corrente de ar, talvez esperando que ela se tornasse sua refeição diária. Não aguentava mais. Tirou as botas e em seguida a calça. A terra quente do chão, queimou-lhe as penas e as nádegas. Sentou-se sobre a calça estendida.

Respirou profundamente. Estava fraca e tossiu. Sentiu medo pela primeira vez. Deitou-se de costas. Fechou os olhos. Sentia o coração pesado e a respiração cada vez mais dificil. Chorou sem lágrimas. A sombra do urubu era cada vez maior e mais constante. Perdeu os sentidos. Seu último sentimento foi uma leve picada na perna, rasgando-lhe a carne. O calor acabou e o sol se pôs. O urubu salvou seus filhotes da fome.

Um comentário:

Anônimo disse...

Carná!!!!!!!! Este texto é PERFEITO!!! Que descrição maravilhosa, cara!!! E que final mais "PUTZ"!!! Olha, tô passada...aplausos, por hora. Quando eu catar o meu queixo de volta eu comento alguma coisa mais coerente...