quinta-feira, junho 12, 2008

Dia dos Namorados


Para comemorar este belo dia, resgatei um texto de um antigo blog meio macabro que eu tinha.

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Enfim havia chegado o dia. Depois de uma longa noite a qual Claudionor mal conseguiu pregar os olhos, o sol nasceu. Era dia 12 de junho. Dia dos Namorados. Seria seu primeiro dia dos namorados. Estava encontrando-se com Sheila fazia 2 semanas seguidas e apesar do pouco tempo que passavam juntos e de não saber nada da vida dela, hoje ele iria fazer uma grande surpresa.

Só podiam se encontrar na hora do almoço. Ele, 18 anos, fazia cursinho a noite. Ela, 27, dava plantão todas as noites no pronto-socorro do hospital municipal. Ele mataria aula hoje e levaria uma grande caixa de chocolate em forma de coração de presente para ela. Era um grande dia para Claudionor.

Deu uma desculpa que não poderia encontrar com ela na hora do almoço, como de costume. Queria que a saudade fosse maior na hora da surpresa. Tomou seu banho e vestiu sua melhor roupa. Passou gel no cabelo e colocou ele bem arrumado na cabeça. Estava radiante. Com a caixa de chocolate debaixo do braço, saiu em direção ao encontro.

Andou quase 30 minutos até chegar no hospital. Era longe de sua casa e gastou todo o dinheiro que tinha com o presente. Não sobrou nem um trocado para pegar o ônibus. Estava nervoso e não queria atrapalhar o trabalho suado de sua amada. No hospital, ninguém conhecia nenhuma Sheila. Ficou arrasado. Não tinha endereço nem telefone dela. Partiu com o coração apertado. No caminho de volta viu Sheila. Parada numa esquina. Várias mulheres juntas. Roupas pequenas. Se ofereceu para um Palio que passava. Entrou e sumiu na noite. De longe, Claudionor chorou. Sentou-se na calçada e ficou até o dia amanhacer. Comeu apenas um chocolate.

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