terça-feira, novembro 14, 2006

Distantes Pensamentos de Orneles

Orneles teve seu dia de rei naquela quarta-feira. Fora agraciado pelos diretores de sua empresa como o melhor gerente comercial daquela semestre. Contemplado com um aumento significativo de salário e uma festinha no final do expediente, Orneles era só sorrisos.

Pegou seu paletó e as chaves do carro sobre sua mesa depois da festa e desceu até a garagem do prédio onde ficava sua empresa. Ligou o carro enquanto pensava no decote e nas pernas definidas da Glorinha, a secretária do diretor. Voltou à realidade ao ouvir o rádio anunciando a previsão de tempo para amanhã.

Saiu da garagem ainda a tempo de ver o crepúsculo daquela tarde. O sol se punha com a mesma arrogância de todos os dias e o tom rosa no céu anunciava uma noite fria pela frente. O vento forte naquela hora da tarde parecia tumultuar ainda mais as ruas lotadas de carros indo para casa, de volta do trabalho ou da padaria ou do colégio das crianças.

Tentou manter-se calmo. Pensava no aumento de salário. Queria comemorar aquela vitória com alguém. Era sozinho. Lembrou-se da Glorinha novamente. Não tinha seu número. Havia perdido inúmeras oportunidades de convidá-la para sair devido à sua timidez. Tinha que mudar. Decidiu-se que no dia seguinte a convidaria. Seria uma noite inesquecível. Levaria-a para um jantar a luz de velas e depois iriam para um motel. Tomariam banho na banheira juntos e amariam-se ardentemente naquela cama. Todas aquelas curvas ao alcance de suas mãos...

Antes de sentir o baque, Orneles ainda tentou pisar no freio. Não deu tempo. O carro atravessou o cruzamento e foi pego em cheio por um caminhão do corpo de bombeiros. A empresa ficou fechada por luto pelo resto da semana. Glorinha aproveitou a folga e viajou com o namorado para o litoral.

Um comentário:

Anônimo disse...

Enfim alguém morreu!!!!
Depois de tanto tempo.